De vez em quando... quase sempre, alguém me pergunta por que eu não uso uma perna mecânica.
Vou tentar explicar o motivo de não usar uma perna mecânica, ou melhor, de não ter me adaptado a ela, ou ela a mim, tanto faz.
A minha perna direita, a atrofiada (coitadinha!!!), tem uma saliente curvatura no joelho. Depois de três fraturas (vocês já leram sobre os meus tombos), surgiu a idéia de amputá-la na altura do pé eqüino (vocês já foram apresentados a ele) que fica na altura do meu joelho da perna esquerda, a boa (não é a cerveja). Primeiro problema: mantinha a curvatura ou não (desarticulação) do meu joelho? Optei por não desarticular o joelho, e foi aí que começou a dar tudo errado. A amputação foi um sucesso, mas, veio a tal da “dor fantasma” (e eu adoro fantasma!). Sentia cócegas no pé, os dedinhos trepavam (no bom sentido) e de vez em quando achava que tinha quebrado o pé, de novo, sem mais nem menos. E aí, apareceu a famosa perna mecânica - órtese tipo tutor longo - muito parecida com esta da foto. Naquele tempo era uma maravilha, top de linha e do bolso também.
Como eu usava a tal perna? Primeiro eu colocava um meia grossa, muito grossa, mas muito grossa, no coto (para não feri-lo), depois eu colocava a cueca (óbvio) e por cima, um short (é óbvio???), depois eu colocava a perna mecânica e por último a calça comprida (essa é óbvio mesmo). Mas esperem aí, vamos recapitular. Vocês se lembram que eu optei por não desarticular o joelho. Pois é, o meu joelho ficava esticado e amarrado dentro da perna mecânica «o meu coto ficava todo dentro da coxa da perna mecânica». Conseguiram entender ou vou ter que explicar melhor? Imaginem como ficava o meu joelho depois de algum tempo amarrado e esticado. Doía e latejava muito. Além da dor, vinham como brindes o desconforto e alguns “apuros”. Uma vez fui ao banheiro da empresa para fazer... xixisis, só xixisis, nada mais que xixisis. Quando estava em pé, de frente ao vaso e pronto para banha-lo, os cadarços da perna mecânica se desfizeram, a “perna caiu” e eu me molhei todo. Outra vez foi quando estava subindo os degraus do ônibus. O pé de borracha da perna mecânica bateu “no teto” do primeiro degrau e a perna... Tive que sentar no meio fio, tirar a calça comprida (ainda bem que estava de short, de cueca e com aquela meia grossa, muito grossa, mas muito grossa) e colocar, de novo, a maravilhosa perna mecânica.
Comecei a pensar em tão com os meus botões: “eu sempre fiz tudo que queria, que podia e que não podia, sem a droga da perna mecânica, então pra quê ficar sentindo dores e incômodos? Pra ficar mais bonito do que já sou?” Adios perna (a mecânica).
Há! Eu já ia me esquecendo. A empregada da minha madrasta, arrumando a casa, colocou a perna mecânica encostada na parede da sala (sei lá porque), esqueceu, e a cortina tampou a perna. Algum tempo depois, quem aparece para nos fazer uma visita? Minha querida vovó. Quando ela viu uma perna atrás da cortina...
"Pra ficar mais bonito do que já sou?" Realmente, seria uma concorrência hiper desleal para todos.... =)
ResponderExcluirEssa perna faz parecer que a pessoa é desequilibrada, é esquisito....
Ainda bem que estás bem sem ela e que não tem mais dores fantasma!
Abraço